Review - House of the Dragon 02x07

Escrita por: Amanda Kassis

No penúltimo episódio da temporada, a Semeadura iniciada por Rhaenyra (Emma D’Arcy) gera frutos, porém será que a rainha está disposta a pagar o preço de trilhar um caminho antes considerado impossível? Será ela que encontrará lealdade nos novos montadores de dragões? Do outro lado do tabuleiro, os Verdes continuarão a travar uma disputa interna que pode colocar tudo a perder?

“Você está diante da Rainha dos Sete Reinos. Com um dragão da Casa Targaryen. O que você quer?” – uma das principais jornadas da temporada tem sido testemunhar a transformação de Rhaenyra passando de princesa isolada em Pedra do Dragão à rainha usurpada que luta por seu direito de nascença. Ao conhecer Addam (Clinton Liberty), bastardo de ascendência Velaryon e o novo montador de Seasmoke, a postura dela reflete a mudança e, após uma breve conversa com o desconhecido, ela está diante de seu primeiro triunfo – e, provavelmente, o mais leal que cruzará seu caminho.

Na Fortaleza Vermelha, as consequências do ataque à Alicent (Olivia Cooke) e Helaena (Phia Saban) são menos brutais do  que o esperado. Em seu novo cargo, Aemond (Ewan Mitchell) decide enviar ao muro os Mantos Brancos que falharam em proteger sua família ao invés de matá-los – o que reflete a tentativa da Coroa de apaziguar os ânimos dos plebeus. Cautela também é vista nas sombras, no jogo que Lorde Strong (Matthew Needham) trava com o príncipe regente, no qual prefere esconder a  informação de que Seasmoke foi avistado com um novo montador. Já Alicent, em sua eterna jornada de auto-piedade, busca escapar da sujeira que ela infligiu sob sua casa.

Em Harrenhal, Willem Blackwood (Jack Parry-Jones) sofre as consequências da barbárie proferida sob as Riverlands. A longa cena com os lordes da região não é apenas uma negociação e busca por justiça pelos crimes cometidos contra o povo inocente, mas uma batalha travada com palavras e influência. A sensação que fica é que Daemon (Matthew Smith) perdeu, mesmo tendo conquistado seu tão sonhado exército. Ele não precisa de amor, mas de espadas, entretanto respeito ou medo é necessário para liderar soldados em meio à guerra. Sob o comando do jovem e honrado Lorde Oscar (Archie Barnes), o rei consorte descobre que não tem nenhum dos dois. 

Ainda, o seu anseio pela Coroa é questionado pelo fantasma de seu irmão (Paddy Considine), que continua a assombrar sua consciência. Infelizmente, a resposta desse questionamento permanece pairando sob o ar – assim como o objetivo dos roteiristas com essa jornada tão arrastada. Se a ideia é fazer Daemon perceber que sua lealdade à esposa é maior do que sua ambição, não estaria isso claro desde o momento que o próprio coroou a rainha na 1ª temporada?

De volta ao plot da Semeadura, a história busca um rumo diferente da obra original com Rhaena (Phoebe Campbell). Definitivamente, a mudança é bem-vinda: a filha de Daemon que nunca conseguiu conquistar um dragão está em busca de Sheepstealer, a criatura selvagem do Vale que deveria ser montada por Nettles. Até hoje, a personagem de ‘Fogo & Sangue’ não teve sua participação confirmada na série. Além disso, a ideia de Rhaena estar mais presente na trama é animadora, pois ela tem se mostrado um desperdício de tempo de tela. Espera-se que seu propósito realmente seja mais do que uma figurante e protetora dos filhos mais novos da rainha.

Além do plot de Daemon, o sétimo episódio culmina no confronto de Rhaenyra com seu herdeiro a respeito de sua paternidade. Jace (Harry Collett) e seus irmãos passaram a vida sendo chamados de bastardos. Agora, a ideia de erguer um exército de montadores de dragões bastardos com cabelos prateados poderia diminuir o valor dele e colocar em cheque a sua herança. Afinal, a única coisa que o personagem de Collett tinha como vantagem era Vermax. Se outros bastardos também conquistarem o poder dessas criaturas, o que impediria algum deles de, futuramente, começar outro conflito pelo Trono após a morte da rainha? A indignação dele é válida, porém egoísta, já que sua mãe nem conseguiu reivindicar aquilo que é dela, quiçá o príncipe, que está ainda mais distante de conseguir o que lhe é direito.

Quando o chamado de Rhaenyra se espalha por Pouso Real, algumas figuras conhecidas pela audiência partem rumo à Pedra do Dragão, Ulf (Tom Bennet) e Hugh (Kieran Bew), além de novos rostos com cabelos prateados. Claro, a recepção dos bastardos é como esperada, causando aversão por ser considerada uma afronta. Sob o olhar dos Guardiões, o plano é uma ofensa à Casa Targaryen e blasfêmia aos dragões sagrados – mesmo que a causa seja nobre.

A sequência final de 'A Semeação Vermelha' só pode ser definida como um dos melhores momentos da temporada e um dos visualmente mais interessantes: um verdadeiro cenário de guerra travado nos confins de Dragonmont. O exército de dragões é erguido através de medo, audácia e reverência. É impossível determinar como essas belas criaturas escolhem seus montadores, tal mistério é uma parte vital do espetáculo, mas o resultado faz jus tanto ao título 'Fogo & Sangue' da obra quanto do episódio em si. 

Hugh encontra em Vermithor uma saída para sua raiva e seu luto, enquanto Silverwing significa liberdade para Ulf. O voo dele sob Pouso Real é cativante, não apenas por colocar duas peças dos Pretos em seus determinados lugares, trazendo algo novo para a Dança, mas por provocar uma reação direta dos Verdes, que perderam suas vantagens. O Trono de Ferro pode estar ocupado por Aemond e ele tem o maior dragão do mundo ao seu dispor, mas finalmente é posto em uma situação que precisa recuar. Claro, contrariando o desejo de Vhagar que estava pronta para se jogar em mais uma batalha.

A guerra não está ganha e a Dança dos Dragões volta a trazer desconforto e tensão. A temporada pode ter começado com os Pretos aplicando um golpe brutal contra os usurpadores, porém, desde então, a reivindicação de Rhaenyra sofreu uma sequência de contratempos e perdas. O tabuleiro não está nivelado, mas pendendo para o lado da rainha, o que deve culminar em um grande conflito na season finale. O momentum foi construído a partir de muitas perdas e, como sempre, espera-se que o lado vencedor seja sempre o da audiência.

Quer acompanhar a 2ª temporada? Semanalmente, aos domingos às 22h, um novo episódio é exibido no canal HBO e simultaneamente disponibilizado na Max. A temporada contará com 8 episódios.

 Nota: 9.5