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No espaço de um único episódio, Kristine foi reinventada como um monstro abusivo, e Natalia, sua vítima involuntária. O mais perturbador é ver Natalia repetir, quase mecanicamente, as alegações de Kristine, como se estivesse tentando se convencer de uma história que não é dela. É um retrato doloroso de coerção emocional e psicológica, onde a vítima se vê forçada a validar a versão de seu agressor. O episódio evidencia, com sutileza e força, como o abuso nem sempre se manifesta em gritos, às vezes, ele se revela no silêncio desconfortável de uma mentira repetida muitas vezes.
Não se trata de inocentar Natalia por completo. Em diversos momentos, ela demonstrou comportamentos que sugerem manipulação, perversidade e intenções duvidosas. No entanto, nada disso justifica o abandono a que foi submetida, especialmente diante de suas limitações e vulnerabilidades evidentes. Há uma linha entre responsabilizar alguém por suas ações e desumanizá-lo completamente, e é justamente essa linha que parece ter sido cruzada.
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